quinta-feira, 21 de julho de 2011

TIME DO CORAÇÃO - HISTÓRIA: MUNDO 5 "BICAMPEÃO "


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Mais difícil que chegar ao topo é manter-se nele, diz o ditado. E o São Paulo FC permaneceu soberano do mundo em 1993, apesar da incrível maratona de 97 jogos disputados (somente em abril o SPFC jogou 16 vezes em 30 dias e, por falta de datas, recusou-se até a jogar o RJ-SP!).
Ao menos, por ter sido o último campeão, o Tricolor estreou na Taça Libertadores da América já na segunda fase, diretamente no 'mata-mata'. Curiosamente seu primeiro adversário foi justamente o último do ano anterior, o Newell's Old Boys. Seria a desforra?
Os argentinos assim pensavam e, motivados pelo sentimento de vingança, venceram o jogo de ida, em Rosario, por 2x0. Mas isso não bastava. No Morumbi, os são-paulinos massacraram 'los leprosos' por 4x0, com incrível atuação de Raí, mesmo com o pulso quebrado.
Nas quartas-de-final, confronto caseiro contra o Flamengo. 1x1 no Maracanã (com gol antológico de Palhinha), e 2x0 no Morumbi, com 97 mil pagantes. Da mesma maneira, o Cerro Porteño, de Gamarra, Arce e do técnico Carpegiani, não foi páreo. Superados por 1x0 em casa e 0x0 fora.
A finalíssima seria contra o Universidad Católica, do Chile, que eliminara o favorito América de Cali (base da seleção colombiana que goleou a Argentina por 5x0, em Buenos Aires). Contudo, as surpresas pararam por ai. Em casa, o Tricolor proporcionou a maior goleada da história das finais da Libertadores até hoje.
5x1, fora o baile. Gols de López, contra, Vítor, Gilmar, Raí e Müller. Especial menção também a Zetti, que realizou uma série memorável de 4 defesas seguidas. Fim de jogo, ao técnico chileno só restou aplaudir: "O São Paulo é um time de mestres, uma equipe iluminada". Posto isto, pouco importava o jogo de volta.
Já com a vaga garantida no Mundial, o Tricolor no 2º semestre avançou para a conquista de outro título internacional, a Supercopa da Libertadores. Após eliminar Independiente-ARG, Grêmio e Nacional-COL, a decisão foi contra o Flamengo - o mesmo que já havia sido batido na Libertadores.
Em dois jogos épicos (2x2 lá e cá), o São Paulo sagrou-se campeão nas cobranças de pênaltis - seu velho estilo -, 5x3. Dinho, Leonardo, Cafu, André Luiz e Müller converteram, enquanto Marcelinho Carioca errou sua chance e deu o título ao Tricolor. Duas semanas depois, o SPFC já se encontrava no Japão, para seu novo jogo mais importante da história.
O Mundial Interclubes seria decidido contra o poderoso, quase mítico, Milan. Não fosse por um caso de corrupção envolvendo o clube campeão europeu, este jogo teria sido contra o Olympique de Marseille. Mas quis o destino que as maiores forças do futebol no período se encontrassem no Estádio Internacional, naquele santo dia 12 de dezembro de 1993.
Meio-dia (ou, cá, meia-noite), a bola rolou. Pressão implacável, osrossoneri começam melhor o jogo. Aos 13', acertam o travessão e Zetti defende o rebote por sorte - ou milagre. Somente aos 19' o São Paulo tem sua primeira chance - abençoada chance -, em contra-ataque. Bastaria.
André Luís, marcado por dois, acerta um lançamento para Cafu no outro lado do campo. A bola quica, se amacia na medida certa, e então o lateral, de prima, cruza para a área, onde a redonda encontra os pés do camisa 10, Palhinha. Destino? O fundo do gol. Aberto o placar, 1x0 São Paulo!
Os milanistas reagem somente no segundo tempo. Aos 3', empatam, com Massaro. Sem mudar seu padrão de jogo, o Tricolor novamente contra-ataca. 14', Palhinha encontra Leonardo livre pela esquerda, que dribla e toca para Cerezo, dentro da pequena área, concluir. 2x1, Tricolor!
No desespero, a equipe italiana parte para as jogadas áreas. Com 36' do segundo tempo, assim conseguem o empate. Lástima. Tudo levava a crer que a decisão ocorreria na prorrogação. O time que jogara quase 100 partidas no ano suportaria?
Não se sabe, pois aos 41' veio a prova definitiva de que, se existe uma força maior no universo, ela era São Paulo Futebol Clube naquele dia. Müller, em jogada despretensiosa, ao saltar para escapar de um choque contra o goleiro, tocou de calcanhar, no gol "de costas" mais importante da história são-paulina! Costacurta, o zagueiro italiano que marcara o atacante durante toda a partida, assistiu incrédulo à comemoração. Esse aí não deve ter reencontrado o rumo de Milão tão cedo...
Ao apito do juiz, Tóquio, São Paulo e o Mundo mais uma vez tinham três cores. O zagueiro Ronaldão exprimiu o sentimento tricolor: "Ano passado, o supertime era o Barcelona. Este ano, o supertime era o Milan. Agora eu pergunto, se eles eram supertimes, o que é o São Paulo, afinal?"
O São Paulo Futebol Clube era bicampeão mundial!

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