quinta-feira, 21 de julho de 2011

TIME DO CORAÇÃO - HISTÓRIA: MUNDO 4 " MUNDO "


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Por incrível que pareça, para iniciar o capítulo sobre o primeiro título Mundial do São Paulo FC é preciso primeiramente falar de Campeonato Paulista...
Em 1992, o São Paulo já havia conquistado a Taça Libertadores e vários torneios internacionais disputados na Europa. Seu favoritismo era óbvio e elementar, comprovado pela trajetória ao longo do torneio que liderou de ponta a ponta, mesmo poupando seus titulares nas últimas rodadas.
Na 2ª fase, contra Santos, Portuguesa e Ponte Preta, 5 vitórias e somente 1 empate. Cerezo, Cafu, Raí, Palhinha e Müller sobravam em campo. A final seria contra o Palmeiras, na fila há tantos anos que dá até trabalho contar...
O primeiro jogo da decisão seria dia 5 de dezembro e o segundo, dia 20. Tudo bem, não fosse o Mundial Interclubes, que o São Paulo disputaria no Japão, acontecer justamente entre um jogo e o outro. Mas o time do Morumbi fez sua lição de casa antes de seguir rumo à Tóquio.
Em partida magistral de Cafu, o São Paulo vence por 4x2, conseguindo grande vantagem para o jogo de volta. Mal acabara a decisão, elenco, comissão técnica e dirigentes embarcaram para o Japão, rumo ao jogo mais importante da história do SPFC até aquele momento.
A European/South-American Cup, como diz seu nome original, disputada desde 1960, foi a precursora da moderna Copa do Mundo de Clubes, o Mundial Interclubes de outrora. Contava com a chancela da FIFA, vista na escala de árbitros oficiais, na bandeira suspensa no estádio e também nos inúmeros informes e anúncios publicitários ("Hosted by: FIFA - UEFA - CONMEBOL").
O adversário do Tricolor seria o blaugrana Barcelona, campeão europeu e bicampeão espanhol (seria tetra), detentor de uma legião de craques, cujo principal expoente era o búlgaro Stoichkov. Regido por Johann Cruijff, o maestro da 'Laranja Mecânica' holandesa de 1974, o Barça já havia apanhado do Tricolor por 4 a 1, em casa, no Torneio Tereza Herrera.
Mas futebol é momento e se resolve no campo. Assim, no dia 13 de dezembro, quando o Sol atingia o ápice do céu de Tóquio e o badalar das 12 soava na madrugada paulistana, o mundo passou a conhecer o São Paulo Futebol Clube, seu escudo, seu manto, suas cores: o raiar de uma nova era.
Ela chegou timidamente, é verdade. Aos 12', gol de Stoichkov. Grande susto, pois desde que o Mundial passara a ser disputado no Japão (1980), sempre quem abria o placar consagrava-se campeão. Até então.
O São Paulo não esmoreceu, partiu para o ataque e criou grandes oportunidades. Aos 27', Müller driblou Ferrer duas vezes, pela esquerda, e cruzou para Raí, que - de barriga - somente encostou para as redes. 1x1! Logo após, o humilhado Ferrer se redime e salva gol certo de Müller em cima da linha.
O Barça não deixou por menos. Aos 45', Beriguistain driblou Vitor e Adilson, passou por Zetti e tocou para o gol, que só não ocorreu graças à intervenção de Ronaldo Luís, o santo das bolas salvas em cima da linha (por mais de uma vez isso ocorreu pois, na verdade, Telê treinava essa jogada com o lateral-esquerdo).
No segundo tempo, o São Paulo se sobrepôs, tanto física, quanto tecnicamente. O time catalão já não ameaçava quando, aos 34', Palhinha sofre falta pela direita, na entrada da área. O árbitro apitou. A jogada seria ensaiada.
Raí rolou a bola para Cafu, que a aparou, deslocando-a da barreira para que o camisa 10 são-paulino chutasse com categoria por cima da linha de defensores. Em uma curva para a direita, perfeita, a bola cai abruptamente e descansa, enfim, no fundo das redes. O goleiro nem se mexe. Já Raí sai correndo em direção ao Mestre Telê. Gol!!! O gol do título mundial.
O São Paulo era o melhor time de todo o planeta, indiscutivelmente.
Após o jogo, o derrotado Cruijff, reconhece: "O São Paulo foi impecável a partida inteira. Venceu com toda a justiça. Se é pra ser atropelado, melhor que seja por uma Ferrari".
Ah, sim! Na volta do Japão, ainda de ressaca pela comemoração, o São Paulo bateu novamente o Palmeiras (2x1) e também foi Campeão Paulista de 1992.

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