quinta-feira, 21 de julho de 2011

TIME DO CORAÇÃO - HISTÓRIA: MUNDO 3 " AMÉRICA "


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Enquanto uns se gabam pela vitória no Campeonato Paulista do "IV Centenário da Cidade de São Paulo", o São-Paulino se orgulha é da conquista da Taça Libertadores em seu "V Centenário do Descobrimento da América". Sem comparações...
A relação são-paulina com a competição continental vem de longa data. Clube brasileiro com maior número de participações (além de títulos e finais disputadas), sua trajetória se iniciou em 1972. Dois anos depois, em seu 2º certame, já era vice-campeão. Sonho de consumo, a Libertadores virou obsessão.
Porém, um entrevero quase ameaçou a concretização desse sonho. Telê Santana recusava-se a encarar o torneio de modo sério. Isso porque a peleja sulamericana sempre foi caracterizada pelo antijogo de seus competidores (não somente por casos de violência, mas também por doping). 
A postura blasé de Telê talvez justifique a bizarra derrota para o Criciúma (0x3) em sua rodada inicial. Convencido do contrário - graças à promessa de que dali em diante os jogos teriam controle antidopagem, nem que o próprio SPFC tivesse que pagar por ele - Telê e a equipe são-paulina passaram a respeitar a competição.
Mais que respeitar, entraram pra valer em campo. Um esquema todo especial foi montado por Moraci Santana e Turíbio de Barros (preparador físico e fisiologista) para superar os efeitos da altitude de Oruro e La Paz. Voltaram de lá com goleada sobre o San José (3x0) e um 0x0 contra o Bolívar.
As rodadas seguintes seriam todas em casa e sucederam-se tranquilamente. Destaque para o jogo contra o Criciúma, em que o clube catarinense foi posto em seu devido lugar com um sonoro 4x0. Classificado, o São Paulo enfrentaria o poderoso e tricampeão sulamericano Nacional, do Uruguai.
Clima de Libertadores. Centenário cheio e Zetti expulso. O jovem goleiro Alexandre (que infelizmente pouco tempo depois faleceria em um acidente de carro) toma seu lugar e salva a vitória Tricolor, 1x0. No jogo de volta, fáceis 2x0. Nas quartas-de-final, novo "clássico" contra o Criciúma. Macedo marcou o único gol do Tricolor nos dois confrontos. Como não sofreu nenhum, o São Paulo avançou à semifinal, quando eliminou o Barcelona do Equador, com 3x0 em São Paulo e derrota por 0x2 em Guayaquil.
A finalíssima, contra o argentino Newell's Old Boys, do técnico Marcelo "El Loco" Bielsa, foi ao estilo Brasil x Argentina. Catimbada e emocionante. No primeiro jogo, derrota pelo placar mínimo. A confiança estava no Morumbi. 17 de junho, 105.185 pessoas dentro do estádio, outras 15 mil nos arredores e milhões país à fora.
Massacre do início ao fim, mas, mesmo após tanto martelar a defesa argentina - inclusive com lance salvo em cima da linha -, o tempo regulamentar termina com o mesmo placar do jogo de ida. 1x0. Gol de Raí, após pênalti de Gamboa em Macedo.
Como de costume nos grandes títulos são-paulinos, a decisão viria nas penalidades máximas. Assim o Newell's havia eliminado, nas semifinais, o América de Cali, após 13 cobranças executadas pelos argentinos, e as 13 acertadas. Se mantivessem esse desempenho...
Os argentinos, porém, não contavam com o trio de goleiros tricolores. Waldir de Moraes, preparador de goleiros, viajou à Cali e anotou o modo de cobrança dos adversários. Alexandre, o estimado reserva, do meio de campo cantou as notas de Waldir para Zetti, responsável pela meta.
Na hora H, as sequências: Berizzo perdeu, na trave. Raí marcou o seu, novamente. Zamora venceu Zetti, mas Ivan também anotou. Até aí, 2 a 1 para o Tricolor. Llop empatou, e o placar permaneceu assim, pois Ronaldão errou o seu. Então Mendoza retribuiu, batendo por cima do travessão e Cafu pôs o São Paulo na frente, 3x2.
A última cobrança da série normal seria de Gamboa. Caso marcasse e Pintado, o próximo cobrador são-paulino, errasse, o jogo seguiria nas séries alternadas. Caso perdesse...
Pintado diria, uma década mais tarde, que o amigo Zetti salvara sua vida, pois o coração do aguerrido volante não teria aguentado se fosse ele a fazer o gol do título. E Zetti foi mesmo magistral. Saltou para a esquerda e, de mão trocada!, espalmou a bola para fora. Estava decidido. O São Paulo era, pela primeira vez, Campeão da Taça Libertadores da América!
O gramado do Morumbi viu a maior festa de sua história. Comemorando, milhares o invadiram, trocando completamente o verde do campo pelo vermelho, branco e preto do Tricolor. Perfeito!

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